– Por Diário Causa Operária
Iniciou-se, nessa segunda-feira (03), a mais nova edição da Universidade Marxista. Ministrado pelo presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), o curso, que ocorre durante o 47° Acampamento da Juventude, organizado pela Aliança da Juventude Revolucionária (AJR), tem como tema “O que é o Marxismo e o que não é”.
Contando com a presença de companheiros de todo o Brasil e até de fora do País, a Universidade Marxista tem como objetivo delimitar claramente o que é o marxismo, analisando com profundidade não só a história do movimento operário, como também o aspecto teórico do que Engels descreveu como “a doutrina das condições de libertação do proletariado”.
Na primeira aula, Rui Pimenta iniciou a sua exposição fornecendo uma motivação ao estudo do marxismo, principalmente neste momento político.
“Nós temos visto que existe uma tendência na esquerda pequeno-burguesa brasileira e internacional a constituir uma espécie de doutrina marxista que não tem um caráter minimamente revolucionário. Essa tendencia, hoje em dia, ela é muito forte. O marxismo se transformou num objeto de especulação dos mais variados grupos políticos. Então, quando você vê falar de marxismo da parte da esquerda, ou até de setores de direita, é uma tentativa de tentar justificar determinado tipo de posicionamento que não tem nada a ver com a classe operária, com o marxismo e com a revolução, utilizando o marxismo como cobertura”, afirmou Rui durante a abertura do curso.
Essa desorientação, todavia, não é um raio em céu azul, como demonstra o dirigente revolucionário. Antes, trata-se de um conjunto de teorias que servem aos interesses do imperialismo e, portanto, “Se coloca como uma tarefa muito importante a delimitação política e teórica” em relação a esse tipo de ideia. Ou seja, uma diferenciação do que é uma teoria de fato marxista e o que não é. “Quando vemos a esquerda toda embarcar na defesa de coisas como o identitarismo, a tal teoria ‘decolonial’ e outras coisas do gênero, vemos aqui que se trata de uma esquerda que defende o status quo porque todas essas coisas todas são políticas do imperialismo, políticas direitistas. Às vezes, inclusive, extremamente direitistas, mas que procuram se apresentar sob a cobertura do marxismo”, explica.
Logo depois, o companheiro Rui procura explicar porque a esquerda nacional e internacional está se distanciando cada vez mais do marxismo. Em outras palavras, de onde vem a crise política desses setores que já não possuem mais praticamente nada em comum com a luta dos trabalhadores.
“Muitas vezes, no passado, em polêmicas diversas, você tinha algum terreno em comum, pelo menos do ponto de vista das ideias, com esses setores de esquerda. Você tinha, em uma determinada época, a esquerda foquista, cuja doutrina não é proletária, mas havia pontos em comum. Porque, de um ponto de vista geral, essa esquerda pequeno-burguesa procurava disputar o interior da classe taralhadora, a direção do movimento dos trabalhadores. Hoje em dia não temos isso porque o movimento operário atravessa o seu período de maior depressão. Só equiparado, provavelmente, ao período em que a extrema-direita levantou a cabeça na década de 1930 e começou a suprimir os militantes revolucionários”, disse Rui.
A partir de então, o presidente do PCO faz um balanço sobre o desenvolvimento operário nas últimas décadas. “Os sindicatos estão completamente paralisados e, portanto, essa esquerda não procura disputar a liderança do movimento dos trabalhadores. Quer dizer, as aspirações do movimento operário não entram na conta, e isso faz com que se abra um verdadeiro abismo entre a política revolucionária e a política da esquerda pequeno-burguesa”, diz.
Finalmente, Rui deixa claro qual o objetivo do curso em questão levando em consideração o atual estado da esquerda e para onde aponta a situação política:
“Onosso objetivo nesse curso é discutir algumas questões-chave do marxismo para estabelecer uma fronteira absolutamente nítida entre aquilo que é o marxismo, a política revolucionária e as outras doutrinas que aparecem por aí sobre o nome de marxismo. Quer dizer, é uma tarefa complexa que, logicamente, não se esgota com esse curso. Mas essa é a ideia geral.”
Passando para uma explicação de como o marxismo se constituiu historicamente, o companheiro Rui vai desde o início do século XIX, com a ação militante de Marx e Engels, até a decadência do marxismo na esquerda que se iniciou com o stalinismo e a monstruosidade que foi a burocracia soviética não só dentro, como também internacionalmente; mas que foi impulsionada pela decadência do movimento operário no geral.
Para finalizar a discussão em uma nota positiva, já que, até então, o movimento operário sofreu derrotas massacrantes, Rui Costa Pimenta mostra que, apesar disso, existe uma perspectiva concreta de que agora é o momento de ascenso da esquerda e da luta da classe operária:
‘Esse panorama que descrevi aqui é totalmente negativo. Mas temos que entender o seguinte: a vida social ela é dialética. Então, temos que entender que, quando você chega ao fundo do poço, você chegou àquele ponto que não dá para ir mais para baixo. Obrigatoriamente, como a vida social não conhece o vazio, é preciso começar uma marcha para acima, para sair do poço. Quer dizer, o pior momento, se é efetivamente o pior momento, é também o momento da recuperação.”