Blog da Universidade Marxista

– Por Diário Causa Operária

Na última quarta-feira (5 de julho), como continuação da Universidade de Férias, atividade de formação política do PCO, que ocorre em conjunto com o Acampamento da AJR, organizado pela juventude do Partido, ocorreu a terceira aula do curso O que é o Marxismo e o que não é. Após duas aulas em que Rui Costa Pimenta procurou expor as ideias do marxismo e a forma como o marxismo compreendia a história, nesta terceira aula, o tema foi expor ideias que não são do marxismo e explicar o porquê disso. No caso, procurou-se estabelecer com clareza a diferença entre materialismo idealismo.

Primeiramente, um esclarecimento feito pelo companheiro Rui: quando se fala em materialismo, se fala na relação entre o pensamento e a matéria. No caso da filosofia materialista, fica estabelecido que não é o pensamento que transforma a matéria, mas sim o contrário: a matéria leva o ser humano a ter determinados pensamentos. O que se vê e o que se pensa é um reflexo do que ocorre no mundo exterior.

Em se tratando de certas ideias que estão vigentes na esquerda pequeno-burguesa, como o identitarismo, por exemplo, estamos diante de um pensamento totalmente idealista e quase religioso. O identitarismo defende que os oprimidos serão “salvos” pela luta para mudar o pensamento do restante da sociedade.

O exemplo mais importante é o da mulher, que corresponde a metade da população mundial. Quem possui uma concepção materialista da vida percebe que a mulher é oprimida e tratada como inferior pela sociedade devido à condição material em que ela se encontra no mundo. A mulher não faz parte dos detentores da riqueza do mundo, ela ocupa uma posição subalterna na sociedade capitalista. O que prende a mulher nessa posição é a vida doméstica, particularmente a questão dos filhos. Essa prisão faz com que a mulher seja oprimida, mas não devido a uma espécie de preconceito abstrato dos homens, mas sim porque ela efetivamente é inferior na sociedade.

A esmagadora maioria das mulheres se encontra presa ao lar devido a essa situação. Para se criar os filhos, é preciso dedicar uma boa parte da sua vida a isso, abandonando quaisquer perspectivas de ter uma atuação competitiva no mundo profissional diante dos homens, que não são sujeitos a essa prisão. A mulher, na sociedade capitalista, é escrava do lar.

É evidente que há casos individuais de mulheres que são menos oprimidas e conseguem desenvolver uma carreira profissional ou coisa do tipo, mas são a minoria das situações. A maior parte das mulheres está enfrentando a situação descrita acima. Ou seja, trata-se de um problema para a coletividade das mulheres. E mesmo as mulheres que estão em uma posição social superior, são tratadas como inferiores pela sociedade, graças à situação das mulheres de conjunto.

Rui conclui essa exposição da situação dizendo que se trata de um problema social de grande pesio, e não de um problema de natureza espiritual, como querem fazer parecer os identitários.  Nesse sentido, é preciso que se processe uma mudança social revolucionária na sociedade para que a situação da mulher realmente mude na sociedade.

A solução para os marxistas é tirar a mulher dessa posição de escrava do lar. Isso só será feito se houver uma socialização das tarefas domésticas, que deveriam ser absorvidas pelo coletivo. Portanto, o cuidado com os filhos, a limpeza da casa, a produção de alimentos, deve ser tudo feito pela sociedade e não pela mulher. A partir daí é que se pode falar em uma luta pela libertação da mulher.

Evidentemente, nada disso pode ser levado adiante no capitalismo, cujas condições materiais não possibilitam uma mudança dessa magnitude. Seria necessária uma revolução para que isso fosse possível. É por isso que o marxismo considera que a solução para o problema das mulheres e muitos outros é a luta revolucionária.

No caso dos identitários, com uma política idealista, a solução passa por tentar mudar a ideia das pessoas a respeito das mulheres. Primeiramente, procuram “paparicar” a mulher, enchendo-a de elogios – o que já é algo negativo porque, se há a necessidade de tantos elogios, já é um indicativo de que se está numa situação inferior. Posteriormente, coloca-se uma mulher em algum cargo supostamente de “poder”, atendendo a um requisito de “representatividade”, o que não muda nada para as mulheres de conjunto. Por fim, leva-se adiante uma política de censura e repressão contra o restante da sociedade, para que não se faça críticas, piadas ou comentários negativos sobre as mulheres sem ser punido pela lei.

É evidente que tal política não irá favorecer nenhuma mulher, pois não ataca a natureza de seu problema, que é material. Rui conclui o raciocínio dizendo que o identitarismo é uma teoria idealista, não importa a realidade, mas o que as pessoas pensam dela. Chega-se, portanto, no extremo da ideologia de gênero, em que a pessoa pode mudar o seu sexo apenas pela força do pensamento.

Nesta quinta-feira, às 10:30, haverá a continuação do curso, com mais uma aula tratando sobre o tema e demonstrando efetivamente o que é e o que não é o marxismo. Não perca a continuação desse importante debate, se inscrevendo no curso e o acompanhando pela página unimarxista.org.br.